Muitos de nós temos um discurso comum; “eu até fazia… mas não tenho tempo”, ou “eu adorava fazer isso… mas estou cheio de coisas”. Assim acabamos por nos convencer que o tempo é a única coisa que nos impede de fazermos o que gostamos e seguimos o nosso dia sem o mínimo sentimento de culpa. Até que finalmente chega o dia em que não temos nada para fazer, o dia que tanto ambicionávamos. E o que é que tu fazes? Aquilo que disseste que ias fazer? Alguns de nós até vão usar essa oportunidade, mas e os outros? A maioria? Acham que vai escolher trabalho e mais cansaço, em vez de ficar sentada no sofá a ver uma série ou a dormir?
Assim vai morrendo aos poucos esse entusiasmo inocente, causando uma acomodação da nossa parte ao mais fácil, àquilo que nos dá menos trabalho e menos problemas…
Quando faço este comentário tenho a clara noção de que estou a ser hipócrita. Aliás, até dou o meu exemplo para que vocês não cometam o mesmo erro que eu. Há meses quando ainda estávamos na escola, senti que precisava de um hobby. Descobri a costura e durante um mês ou dois, só pensava na costura. Durante esse tempo pesquisei, treinei e criei. Porém chegaram os testes, bem como toda a pressão que vem com eles e por isso decidi parar. Pus esse hobby de lado e disse para mim mesma: “quando isto acalmar e eu tiver um tempinho, continuo”.
Agora pergunto-vos, acham que durante este período de isolamento social eu fiz alguma coisa relacionada com a costura? Não, claro que não. Aliás, até fiz, no início forcei-me a trabalhar com a máquina mas não durou muito…
E assim com o passar dos dias, semanas e, agora a este ponto, meses acabei por me acomodar, e me convencer de que no fundo a costura nem era assim tão interessante, nunca seria importante, não justificava o esforço, nunca seria uma expert e pronto, assim morreu mais um hobby…
Como resultado, os meus dias tornaram-se rotinas, nada de novo acontece e o meu pico de entusiasmo surge quando vejo um novo episódio de uma série…
Por isso fica aqui o meu pedido para todos vocês que estejam a ler isto: Levanta-te! Já estás de pé? Agora vai fazer o que tens andado a adiar. Algo que te preencha, que te estimule, que te dê a experiência e as memórias, que sabes que te vão beneficiar. Vai aprender a tocar um instrumento, vai desenhar, vai treinar um desporto, vai ler, vai escrever, vai cozer, mas vai!
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