No passado dia 25 de março, por volta das 18:30, reunimos com o professor Nuno Reis para atualizarmos a situação junto da comunidade escolar sobre o regresso à escola depois do segundo confinamento. Tratamos de assuntos que foram desde a testagem de funcionários ao fecho do ano letivo passando pelas comemorações do dia do Agrupamento.
Já Soubeste? – Como está a correr a reabertura das escolas?
Diretor- Eu acho que está a correr bastante bem mas reparem que não tivemos propriamente as escolas fechadas. Logo no início da pandemia falei com o Ministério e com a Câmara Municipal e disse-lhes que fazia questão que fossemos uma escola de acolhimento. Na altura disseram-me que ainda não sabiam bem quais seriam as escolas de acolhimento porque pretendiam defini-las por zonas. Eu disse-lhes «Façam o que entenderem, caso não considerem a nossa Escola bem localizada para tal estaremos cá na mesma para quem precisar de nós». Daí em diante, fomos das primeiras escolas de acolhimento do País e posteriormente, neste segundo confinamento, imediatamente acionámos todos os mecanismos para recebermos os filhos dos trabalhadores das atividades essenciais. Demos muita atenção aos alunos que considerámos em risco de abandono escolar como, por exemplo, os que tinham dificuldade em aceder às aulas online ou que nem sequer tinham acesso e fomos à procura de perceber as razões para que tal acontecesse e percebemos que muitos não tinham os equipamentos informáticos necessários. Como sabem as campanhas das associações de pais conseguiram mais de 100 tablets mas infelizmente houve casos em que estes não foram devolvidos e outros foram dados como «roubados», sabíamos que isso podia acontecer e por isso ficámos um pouco mais debilitados.
Solicitei à câmara hotspots pois isso era outra das coisas que as pessoas mais necessitavam. Por exemplo, em minha casa somos eu, a minha mulher e o meu filho e quando estamos todos no zoom simultaneamente, a net de casa não aguenta e por isso são precisos hotspots para as famílias poderem aceder sem problemas. A Câmara foi eficaz e imediatamente acedeu.
Mantivemos as equipas de professores e assistentes operacionais que iam rodando na escola de acolhimento, esta esteve sediada na Escola EB1Ji da Portela, onde estava também a unidade de multideficiência a funcionar.
O regresso foi bastante tranquilo, inclusive, o facto de logo na terça-feira (segundo dia de aulas do 1ºCiclo) ter surgido um caso de Covid entre os alunos de uma turma e até isso foi encarado de forma tranquila, apesar de agora os procedimentos serem outros. É curioso que vêm precisamente ao encontro daquilo que já fazíamos aqui e que eu de uma forma um pouco “à margem da lei” decidia. Só para vos dar uma luz acerca dos protocolos de confinamento das turmas. Numa primeira fase o que foi dito foi que só era considerado de alto risco e por isso seriam confinadas as pessoas que tivessem estado em contacto com alguém positivo mais do que 15 minutos, a menos de 2 metros e sem máscara. O que é que eu decidi na altura? Que isso não fazia sentido nenhum, que era impraticável, e que onde houvesse um caso positivo, reportando-o ao delegado de saúde devíamos confinar toda a turma
O delegado de saúde perguntava «Mas então onde é que eles estiveram?» ao qual eu respondia que tinham estado todos dentro da sala de aula, «Ah mas estavam de máscara…» e eu respondia que nas aulas de Educação Física ninguém usava máscara. A certa altura, agora já posso dizer isto, o Delegado de Saúde mandou um e-mail a dizer «Senhor professor, não acredito que todas as turmas tenham Educação Física todos os dias e que as distâncias de segurança não sejam cumpridas durante a mesma. O senhor tem que falar com o Departamento de Educação Física porque os professores estão a dar mal as aulas, nas aulas de Educação Física também é possível manter o distanciamento». Eu até fiz de conta que não vi esta mensagem mas, curiosamente, neste momento, o recente protocolo, alterado na semana passada, já passou a incluir as situações de contacto com casos positivos nos últimos dois dias, a menos de dois metros, com ou sem máscara, quer em espaços fechados, quer abertos.
Neste momento, o que me está a preocupar mais é o seguinte, na turma de 1º ciclo que regressou às aulas no dia 29 (Segunda) e onde, no dia seguinte, apareceu um caso positivo (Terça), confinou a professora, a turma inteira, a assistente operacional que acompanhava a turma e a professora de ensino especial que acompanha um dos alunos com quem esteve 2 horas na Segunda-Feira. Neste momento em situações, confina tudo.
Caso isso aconteça, quando no regresso do 2º e 3º Ciclo e Secundário anda-se para trás. Caso um aluno teste positivo, confina-se a turma inteira e todos os professores com quem tiveram contacto. Por exemplo, imaginemos que um aluno testa positivo numa quarta, é confinada a turma inteira assim como todos os professores que estiveram com eles na quarta, na terça e na segunda, ou seja, basta que apareçam 2 casos em escolas como a nossa Secundária ou Gaspar Correia e os professores vão praticamente todos para casa.
Isto é o que mais me preocupa, de resto foi muito tranquilo este regresso. As famílias estão muito mais conscientes e os alunos também já sabem os cuidados que devem ter. Os professores adaptaram-se e neste momento sabem perfeitamente gerir as situações com tranquilidade. A minha grande expectativa está no regresso do 2º e 3º ciclo agora, no próximo dia 5 e depois no dia 19.
J.S- Próxima pergunta, a equipa gostaria de saber como está a correr o processo de vacinação do corpo docente.
Diretor- Terça-feira passada (dia 16/03) todos os profissionais do primeiro ciclo, professores, assistentes operacionais, serviços administrativos e a direção foram testados no pavilhão da secundária. Veio cá a equipa de um laboratório que nos testou. Fomos cerca de cento e sete pessoas.
Felizmente não houve nenhum caso positivo, porém, dois dos testes foram perdidos pelo laboratório, e foi essa a única situação indesejável, nada de mais.
No sábado (dia 27) começam as vacinações.
Detetámos alguns erros; cerca de dezoito pessoas não receberam o teste, o que estará relacionado com erros nos dados da listagem.
Só mais uma informação rápida; das noventa pessoas que receberam a informação para irem ser vacinadas apenas uma recusou; a vacina é a Astra Zeneca por isso algumas pessoas estavam preocupadas com esta situação mas como disse felizmente apenas uma pessoa recusou a vacina, o que faz com que vá ser vacinada noutra fase.
JS? – Gostaríamos agora de saber, como vai ser a testagem dos alunos?
Diretor- Eu não sei bem, e acho que os responsáveis também têm muitas dúvidas como se irá processar. Estava prevista a testagem dos alunos do Secundário logo a partir da primeira semana do regresso, e os professores também. Como vai haver vacinação se partirmos do princípio de que os professores e funcionários sejam vacinados, em breve, a testagem perde sentido. Só se vai fazer testagem às pessoas que tenham sido vacinadas em caso de manifestação de sintomas. No entanto, e como os alunos não vão ser vacinados, eu penso que se mantém essa previsão que seja durante a primeira semana em presença na escola. Em princípio será uma operação montada na escola, provavelmente no ginásio, tal como foram testados os professores, por ser um local arejado, com espaço, e onde se pode fazer postos de testagem afastados. Penso que será nestes moldes.
JS? – Gostaríamos ainda de saber como estão a correr as obras para a remoção do amianto e se o Sr. Diretor tem alguma nota ou comentário a fazer sobre as mesmas.
Diretor- Primeiro de tudo quero-vos agradecer, aos alunos em geral, porque foram os grandes impulsionadores desta conquista, tanto na Gaspar como na Secundária. Estamos muito satisfeitos.
As obras na Gaspar estão a entrar já na fase final, hoje foi removido todo o fibrocimento da escola, já não há nenhum local com fibrocimento.
Hoje de manhã estavam a concluir a última cobertura do pavilhão central que era o que faltava e por fim vão ainda ficar a fazer alguns trabalhos na Gaspar de pormenor: têm uns perfis à volta dos pavilhões que vão ser colocados.
Entretanto já começaram as obras na Secundária: os passadiços já não têm telheiros, foram removidos assim como o amianto. Os pavilhões ainda têm a cobertura em fibrocimento que nas próximas semanas será removido pavilhão a pavilhão. Estava planeado remover o material de dois pavilhões mas como há previsão de chuva os funcionários responsáveis pela obra ficaram um pouco limitados e têm que esperar por dias que não chova para retirar o amianto e depois colocar a nova cobertura. Penso que as obras demorarão cerca de 4 semanas. Este é um trabalho que só se pode executar quando não houver aulas na escola.
JS? – Há planos para comemorar o Dia do Agrupamento este ano?
Diretor- Vou ser sincero, eu tenho um profundo desgosto se não puder realizar dois projetos no agrupamento; um deles é o Dia do Agrupamento e o outro é o Acampamento. Tenho muita pena mesmo, neste momento a minha perspetiva é a de perceber como a situação se irá desenvolver. Ainda não perdi a esperança.
Eu gostava realmente de poder comemorar o Dia do Agrupamento. O ano passado já não o fizemos e agora arriscamo-nos a não o fazer de novo. Como disse, eu gostava de fazer essa comemoração. Irei levar esta questão a Conselho Pedagógico, dia 7 de Abril. Eu gostaria de realizar alguma atividade, nem que fosse em sistema online ou por videoconferência. Uma das coisas de que me lembrei e de que gostei muito foi aquela sessão sobre o Fado de Amália que o Professor Joaquim Marques nos proporcionou há uns meses. Vou pensar nalguma coisa realizada nos mesmos moldes e que nos permita desenvolver algumas atividades. Eu gostaria, vamos ver como lá chegamos.
Entrevista realizada por: António Rosado, Ana Dias, Catarina Alexandre, João Prior e João Roxo