Saber escrever…

por António Rosado
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Queria eu saber escrever. Não para jornais ou revistas, simplesmente
escrever. Não faço questão de usar palavras, vírgulas, pontos, até porque não os
sei utilizar, quero apenas descobrir isto que sempre me acompanha. Acordos
ortográficos, sintaxe, marcas de parágrafo: todos eles me condicionam; também o
faz o lápis que empunho.
Esta é, sem dúvida, a mais cruel das condicionantes. Não interessa a sua
forma ou ciência, tinta ou carvão, esfera ou outra ponta qualquer, nunca a domino
sem antes desistir por completo!
A caneta tradicional e genérica está fora de questão — afinal, é o seu sufoco
que me faz desejar esta minha angústia; o lápis conforta-me, mas prende tudo
aquilo que posso construir. A pena, voz de grandes palavras, essa, então, nem me
atrevo a experimentar.
Fico-me, desta forma, pelo que esperam que escreva: vocábulos abstratos
apertados por pontuação, que a mim nada me dizem, ou talvez sim — como já
referi, não a conheço muito bem — e tudo isto antes que os ponteiros cruzem o
seu limite.
Um dia terei controlo sobre todos os movimentos que marcam esta e outras
linhas! Quando esse dia chegar, findo-me em todas as palavras que escrevi e
naquelas que não tive arte ou tempo para expressar.

Carolina Monteiro, n.º 3, 12.º F

Fotografia de Green Chameleon no Unsplash


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